Translate

14/02/11

A ti Pat

A ti que desenhas flores
a ti que colhes amores
a ti que não pedes nada
a ti que nada te dão

Não esperes nada da vida
não mates teu coração
liberta-te dessa ferida
é já tempo de voares
é já tempo de amares

Solta esse fio que te prende
abre os braços e sorri
pega no homem que amas
sai com ele por aí

Vão os dois estrada fora
quero ver-vos abraçados
amando-se nas esquinas
amando-se em todos os lados

[ a uma grande Amiga - há muito, muito tempo ]


10/02/11

Um Poeta




Quando se escreve muito
As palavras deixam de ter o seu significado
Cada palavra é o gesto
Que nunca se chega a fazer
Cada palavra é o timbre
Da música que não existe

As palavras na poesia
Pouco significado têm
E o que elas nos transmitem
É um sonho inacabado

O poeta é um filósofo
Que também pensa na vida
E não tem medo da morte
E tem sempre alguma ferida

O poeta é um filósofo
Que nunca obtém respostas
Nunca acaba a sua obra
Mas nunca lhe vira as costas

Morre sempre antes do tempo
Mesmo que morra de velho
Seu espírito é infinito
É maior que o evangelho

Não tem religião definida
Nem tem partido com cor
Presta ao amor o seu culto
E nunca diz não á dor

O poeta não é mais
Nem menos que uma pessoa
É poeta simplesmente
Só que tem uma alma boa.

08/02/11

O que nós éramos


De lágrima na mão coração triste
Recordo tudo aquilo que passou
Não sei se foi, não sei se ainda existe
Em algum lado o amor que se gerou

Com a alma triturada da saudade
Penso comigo se não terá sido em vão
Que tudo foi que acabou sem um gemido
Que terminou sem eu te pedir perdão

Com os olhos poisados neste vento
Sempre na esperança que ele me leve até ti
Mas nunca mais chega esse momento
P’ra ti eu sei, p’ra ti eu já morri

Não te vejo há mil anos e mil horas
Já não te beijo há milhões de anos luz
O que eu era amor… quem tu adoras?
O que nós éramos e como nos puseste tu

Com estas pernas cansadas para ti corro
Não estás a sós
Queiras ou não dentro de mim há qualquer coisa
Que não sou eu nem tu mas somos nós.





06/02/11

...

Neste universo quadrado onde me encontro
Cada dia a reviver o que passou
A engolir esta crua agonia
De já não saber bem quem eu sou

Neste cubículo fechado e pequenino
De onde o Sol não se sente aparecer
Recordo-te cada gesto, cada cheiro
E ando triste, sempre triste a esmorecer

As linhas do meu rosto são graves e severas
E os contornos do meu corpo permanecem
Intactos à espera do teu toque que não chega
Mãos doces como as tuas não se esquecem

Quero amar perdidamente como a outra,
E sofrer as violências da paixão
Estou louca, quero amar-te simplesmente
E quero simplesmente que me dês a mão

Mas eu sei meu doce, meu amigo
Que não te posso pedir um pensamento
Sei o quanto foste tão ferido
E que de nada vale o meu lamento

(Que julgas que p´ra mim foi um momento)

E foi um momento realmente
E podia revivê-lo toda a vida
E do lamento nascia uma familia
E da familia nasciam novos braços
E dos braços cresciam as raízes
E delas se faziam os abraços

… podia revivê-lo toda a vida
A amar-te e a fazer-te tão feliz
Mas tenho de viver nesta agonia
Sem direitos, sem alma e sem raíz