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04/03/16

e de repente

O Amor não é linear, nunca foi.
Pode apresentar-se de tantas formas e feitios que por vezes até parece disforme, mas nunca é.
 
Todos os amores nos fazem desejar um futuro, um futuro que se desenha a quatro mãos que de repente são seis, e, de repente são oito, porque o Amor é sempre um número par mesmo que seja vivido em silêncio, dentro de cada um.
Mas o Amor nunca deve ser vivido em silêncio.
 
O Amor precisa de barulho, de vida, de cor, de roupas penduradas no varal a secar, de camas por fazer, de risos, de abraços que nos levantam do chão e por vezes de dor. Nenhum Amor sobrevive sem alguma dor, que necessita de ser partilhada, entendida, ás vezes num silêncio sobrenatural e cheio de sons surdos, e de mãos dadas, quatro mãos que de repente são seis, que de repente são oito...
 
E o Amor também precisa de olhos, olhos que gritam palavras sem significado aparente e que querem dizer tudo, olhos que dão as mãos e que se fecham em conjunto quando as palavras são demasiadas ou já não chegam. Porque as palavras nunca chegam.
 
No Amor, todos os dias se inventam palavras que fazem medo apenas por serem tão novas... palavras que saem dos olhos e das mãos, que de repente são quatro, e de repente são seis, e de repente são oito...