Abri o peito à ternura de te reconhecer
Vivi a vida como quem não quer morrer
Chamei ás pedras nomes e falei-lhes de ti
Elas não disseram nada, e eu nada previ
Abri o peito à vontade de te amar
Abri as pernas e deixei-me penetrar
Abri a boca e abri o coração
Abri os braços e abri uma excepção
Fechei os olhos ao que não queria ver
Fechei a porta ao meu direito de ser
Tranquei as palavras todas que te podia oferecer
Rasguei os vestidos todos
Larguei a esperança no chão
Pisei os direitos dos outros
Esmaguei o que tinha sonhado
Parti o meu coração
Colei pedaços de céu
A uns pedaços de mar
Voltei as costas a vida
E continuei por ali
A errar, a andar, a sonhar
Colei a tua imagem
A uma imagem de deus
Para ver se me esquecia
Que és homem e que es humano
Que és belo e me fazes bem
Que não te posso tocar
Não por seres demónio ou santo
Mas seres tão simplesmente
Toda a razão do meu pranto
Abri o peito de novo
Vazia de qualquer dor
Chorei toda a água que tinha
Sequei todo o meu amor
Lancei-me à agua do mar
Lancei-me ao rio e voltei
Andei à chuva, molhei-me
E nem sequer sei o que sei
Abri um capitulo na vida
Escrevi-o as cores e sorri
Fiz um livro, fui feliz
Mas a vida
Sempre a dizer-me…
Não vas por aí….
Tenho medo do futuro
Tenho saudades de mim
Queria poder ter tudo
Queria dar-te a minha mão
Ser fiel a quem eu sou
Não viver na solidão