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06/10/13

O melhor caminho do mundo é o que percorro contigo
Onde agora, vou andando sozinha...


Pretérito Imperfeito

Não queria ser o prémio de alguém que não jogou
Que nunca antes me amou na forma perfeita do ser
Do sempre ao nunca mais, vai um tempo imperfeito
com contornos escuros feitos de nós no peito

Vou ser o bilhete de uma lotaria que saiu
o cartão que não foi escolhido nem achado
nem vendido nem sequer rasgado
Vou ser o bilhete de que se desistiu

Vou ser um pretérito errado do que podia ter sido
Eu seria, eu teria, eu faria, eu queria
Eu sabia... eu sabia
Não serei um pretérito qualquer
Como qualquer mulher
Que viveu a vida e a viu passar

não

Eu serei a possibilidade toda jogada no chão
Deitada de costas e sem coração
Abraçando a saudade do que poderia ter sido
Se não fosse quem sou, se não fosse perdido
O bilhete com prémio que ninguém mais quis
A planta arrancada antes de criar raiz
A criança abortada que nasceu infeliz
Um pretérito inteiro só à espera de Ser
Imperfeito e sozinho mas cheio de razão
Um prémio jogado no lixo, pisado no chão.

Há um olhar que baixa quando não se sabe nada
Há um corpo que derrete dentro de toda a dor
De que serve um bilhete premiado...
Se não há vencedor?