Não bastaria chorar a alma toda
nem calar a dor que existe em mim
Não poderia viver assim fechada
Nem poderia amar quem eu perdi
Quando me afastei sem ser verdade
Quando me calei para não mentir
foi quando dei largas à saudade
e que ofereci a dor ao meu sentir
Trago nas costas a cruz das tuas mãos
a acariciar a alma que me dói
Trago no peito um parco coração
que apenas sabe a verdade do que foi
A mentira da minha mão na tua mão
A dureza de sermos um num corpo a dois
Quando a ternura se enrolou no meu pescoço
nunca esperei que pudesse ser saudade
Quando a loucura se instalou à minha beira
nunca pensei que pudesse ser verdade
Quando a verdade é parte da mentira
quando o Amor é dor e solidão
Cai-nos um manto escuro sobre a vida
E tiram-nos o tapete do perdão
Não bastaria arrancar estes meus olhos
Para perder a ânsia de te ver
mesmo sem eles sei ver que esta mentira
é igual a uma verdade qualquer...