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27/04/12

26 Abril

Quando se ama alguém que perdeu a capacidade de nos amar a meio caminho
Morre-se para sempre, e todos os dias, um pouco sozinho

Quando se tem nas mãos o sangue, da morte do amor, que se tem
Deviam cozer-nos a boca e os olhos para não dizermos mais nada e nunca mais chorar

Quando se tem amor por quem nos tem grande apreço e amizade
Tornamo-nos metade de algo, ao qual falta metade

Quando se descobre que afinal as cores do arco-íris são todas preto e branco
Sentimo-nos enganados pela vida que nos fez acreditar nas cores todas de repente
E depois veio uma a uma retirar devagarinho o que pensámos nosso

Foi quando percebi que me amavas, que te perdi
Foi quando percebeste que me desfazia por dentro enquanto me amavas
Que me perdeste
Demos as mãos nesse dia e juramos o mesmo amor
Sem saber que nas tuas ele morria, e nesse dia nas minhas renascia

E foi também nesse momento que te amei mais do que nunca
Antes a dúvida era amor e amor era dor
antes pensava ser - o que sou agora, afinal
mas agora ..

Agora, ama-se muito alguém que diz ter perdido a capacidade de nos amar
E ser esse mesmo amor que eu matei em ti
E que a rastejar, dorido, forte e sozinho se veio alojar em mim, é quase demasiadamente pouco

Quando se ama alguém que não nos ama de volta, é como se o peito se enchesse de balões de ar quente que rebentam… rebentam simplesmente e magoam

E quando sabemos que éramos amados e estragamos isso com todo o peso de uma solidão anunciada
E a solidão veio apenas porque pensámos isso…

Quando se ama alguém que não nos pode amar de volta as coisas deixam de fazer sentido
Porque no amor há coisas que se fazem
Que sem amor não são possíveis de fazer de forma bela
Quando se ama alguém que não nos pode mais amar de volta - é meio amor

E o amor é das poucas coisas que o facto de ser metade o anula
Não há meio amor
Como não há meias mesas e meias cadeiras
Como não há meias vontades de ir à casa de banho
Não há simplesmente meio amor

Quando se ama alguém que não nos ama de volta e perdeu essa capacidade
Somos meia cadeira e meia mesa
Somos meia vontade de chorar
Somos meios feios meio bonitos
Somos a incapacidade para amar

(escrito ao som de) 

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