com a sua espuma branca de quem veio da tempestade
E o nó na garganta, que apertava e rugia
Já não era só saudade
À velocidade da palavra - Agora - e à permissão de um - Vem
de novo a porta se abriu à dúvida do que se deve
O abraço surgiu por entre as veias quentes
E nunca mais foi breve
Nos quilómetros que separaram o que fomos do que somos
ficaram as marcas do que nos outros procurámos, em vão, sentir
ficaram as tentativas de renascermos um sem o outro
e a incapacidade de partir
Em outros corpos procuramos apenas uma razão
mas nunca em ninguém encontrámos a força esmagadora
que em nós reconhecemos quando a tua mão está na minha mão
Jurámos amor num pacto nada silencioso, na noite
que ecoou pelas ruas e em forma de canto, de choro e de riso
nos selou as horas com abraços longos e repetidamente finitos
como a entrada directa para o paraíso
Entre as palavras atropeladas mas firmes que me disseste
Chorei contigo, o desespero, como se me tivesses morrido
Porque ver-te quereres ressuscitar das cinzas o que cuidadosamente mataste
É o mesmo que ver renascer um filho
Ternamente como um animal aconchega a sua cria
Cuidaste de mim e de quase toda a minha dor
Todos os sentimentos foram nossos por um dia
Em que me elevaste inteira com o teu amor
Agora decididos como a água de um rio que transborda
por já não poder mais fechado nas pacatas margens
Queremos a vida que é nossa por direito
Sem refrear, sem esconder e sem paragens
Se eu soubesse que a vida nos ia permitir este reencontro
como quem exige uma herança que lhe é devida
em que me confirmas que as estações são todas nossas
Será que tinha sofrido igual a despedida?