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13/07/18

Sexta feira 13


Foi deus que se enganou e abriu uma porta
que afinal era uma janela, que afinal não era nada
Foi a deusa que brincou, com o seu sentido de humor
Que pegou naquela  letra e a transformou
Um doce rumor num amor, que depois se desligou

Tinha moedas de algodão e cafés de chocolate
Tinha lençóis de flanela, que afinal eram de linho
E caraçóis em cabelos, todos feitos de carinho
Tinha mãos que não se davam, tinha lagos de suor
A saber a lábrimas, a saber a tudo menos a amor
E no entanto

Havia memórias futuras
que não serviam para nada
porque o passado de um,
era o futuro do outro
E uma história p’ra trás
com um vazio quase rente
Das   vidas que se cruzam
mas que andam sempre em frente
e os lábios doces e duros
que nunca disseram tudo
Porque a palavra
nunca podia ser dita
Nem podia ser escrita, nem pensada
mas também não podia ser rasgada

Foi deus que se enganou, foi a deusa que brincou
Foi a saudade que fica num corpo que parecem dois
Foi verdade, foi mentira, foi o que não pode ser
Como a alegria que vem antes do acto e da dor
Da palavra esmigalhada que só podia ser Amor-


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