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06/02/11

...

Neste universo quadrado onde me encontro
Cada dia a reviver o que passou
A engolir esta crua agonia
De já não saber bem quem eu sou

Neste cubículo fechado e pequenino
De onde o Sol não se sente aparecer
Recordo-te cada gesto, cada cheiro
E ando triste, sempre triste a esmorecer

As linhas do meu rosto são graves e severas
E os contornos do meu corpo permanecem
Intactos à espera do teu toque que não chega
Mãos doces como as tuas não se esquecem

Quero amar perdidamente como a outra,
E sofrer as violências da paixão
Estou louca, quero amar-te simplesmente
E quero simplesmente que me dês a mão

Mas eu sei meu doce, meu amigo
Que não te posso pedir um pensamento
Sei o quanto foste tão ferido
E que de nada vale o meu lamento

(Que julgas que p´ra mim foi um momento)

E foi um momento realmente
E podia revivê-lo toda a vida
E do lamento nascia uma familia
E da familia nasciam novos braços
E dos braços cresciam as raízes
E delas se faziam os abraços

… podia revivê-lo toda a vida
A amar-te e a fazer-te tão feliz
Mas tenho de viver nesta agonia
Sem direitos, sem alma e sem raíz




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