Translate

02/11/12

Nascemos na Paragem


Nascemos na paragem
Entre o que transporta e o que é transportado
Entre a miragem do que inicia a dor e a dor do acabado
Sentados e juntos nascemos na margem

Nascemos na paragem do futuro incerto
Dos minutos contados fizemos o tempo
E o tempo passava a nascer na paragem
Sentados e juntos nascemos na margem

Nascemos na paragem ou à margem de um mar
Que vai do Ser ao saber, e vai do ter ao guardar
Barco à vela ou autocarro que não sabe navegar
E sentados nesta margem tudo se há-de passar

Pois sentados na paragem logo depois de nascer
Viu-se a lágrima no homem, viu-se o que não pode ser
Estava ele e estava ela na paragem do saber
Viu-se adultos já cansados acabados de nascer

E sentados na paragem do movimento do som
Fez-se um filme colorido que a preto e branco se viu
Escreveu-se um livro em prosa que em poesia saiu
Dizem que se amavam muito mas nunca ninguém sentiu

Nascemos na paragem e lá temos de voltar
Tapa os ouvidos ao mundo não há nada pra contar
São migalhas, cardos, fados, prosas, tardes ao luar
Que sentados, juntos na margem
Nós vamos reinventar.



 julho 2012



Sem comentários:

Enviar um comentário