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03/09/13

Gota a gota

É ás gotas que me sustento
gota a gota me alimento
A sede não esgota, a palavra não vem
A faca não corta, a saia não roda
Não estando cá tu
Não está cá ninguém

E gota a gota mato a minha sede
Como um pulsar lento, do coração que não morre
Como olhar de frente, um olhar que não sobe
E a sede não passa, não abranda a fome
A porta não abre, a nódoa não sai
Não há um caminho por onde se vai

Vai vir a saudade, vai passar o verão
Vai gelar o dia no meu coração
Vai faltar a água, p'ra a gota cair
Vou fechar a boca
Vais parar de vir

É então às gotas que eu me sustento
Ás saudades lentas, que vêm e vão
Ao cheiro dos olhos, ao sabor da mão
À memória leve de ser tua, um dia
Gota a gota fresca, na boca sadia

E agora seca do que te dizer
Fecho os olhos d' água, p'ra gota morrer
Deixo de ter gotas para me entreter
Respeito os traços que fazes no chão
Escolhes o caminho fácil do esquecer
Toma, leva e espreme o meu coração

gota a gota, fá-lo padecer...





Ouvindo. Ouvir.



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