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26/09/12



ouvir a chuva lá fora
traz-me sempre cá para dentro de mim uma sensação de impaciência
é como se a nostalgia se instalasse aqui
e se sentasse, invisível, numa cadeira, ao meu lado

ouvir a chuva lá fora
faz-me lembrar botas de borracha com olhinhos
que tinha e adorava, quando era pequena
e lembra-me quando pisava as poças de água como se fossem proibídas
e eram...

ouvir a chuva lá fora
arrepia-me a alma com leveza
a leveza de quem a ouve em silencio e espera
espera que venha o sol ou a primavera

apetece parar
apetece fechar os olhos e tentar ouvir
para lá das gotas a cair
para lá do tempo a passar
apetece esperar

ouvir a chuva lá fora
faz-me lembrar um futuro que ainda não passou
faz-me lembrar um passado que nunca aconteceu
faz-me lembrar que o presente... ás vezes é envenenado

faz lembrar talvez
um qualquer universo paralelo
onde tudo anda de pernas para o ar
onde parar é andar e andar é parar
onde querer é poder
e poder é avançar
e correr é talvez algo, que lá, se faz muito devagar

ouvir a chuva lá fora
dá-me ao coração alento

o mesmo não acontece
se com a chuva vem o vento....

2 comentários:

  1. Parabéns Carla, gostei imenso de ler o teu blog :)
    Neste poema foi delicoso...
    "onde tudo anda de pernas para o ar
    onde parar é andar e andar é parar
    onde querer é poder
    e poder é avançar
    e correr é talvez algo, que lá, se faz muito devagar"

    Continua a escrever!

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    Respostas
    1. Obrigada Liliana :) é um elogio vindo de si! Obrigada.
      Vejo que está na Suiça... :) vivi em La Chaux de Fond uns anos (poucos) e gostei muito. Quem sabe não voltamos a falar e a trocar ideias de palavras escritas? :D

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