Uma semana depois de nada
aquela madrugada foi tudo.
O caminho ia-se fazendo
à medida que os pés avançavam
e cada passo punha à prova
a incerteza de não saberem bem para onde iam
A linguagem fazia-se entre a copa das árvores
e o chão onde a folha era pisada
Os taxis deixaram de ser precisos,
assim como os autocarros, o metro e todos os transportes
Porque o espaço que separa,
passou a ser uma coisa sem grande significado
O espaço deixou de ser um lugar
para ser em todo o lado.
Ela nunca mais sorriu e
nunca mais chorou da mesma maneira
E ela nunca mais viveu semelhante alvorada
Ele não sabia amar, e, no entanto não sabia ele fazer mais nada
e todos os dias, apesar de não saberem,
ele foi amado, ela foi amada.
Cruzaram-se muito antes de se conhecerem
amaram-se até muito depois de se largar
A vida juntou-se ao tempo e foi cruel
Viveram longe muitas e muitas noites,
mas nunca mais encontraram aquela madrugada
Viram uns barcos à deriva sem encontrar o norte
Viram gaivotas loucas e esfomeadas, largadas à sorte
Viram crianças e luas, viram barcos e comboios a partir
e foram os dois juntos tudo onde n se podia ir...
uma semana depois da madrugada
um mês depois de duas noites sem dormir
um ano depois de tudo o que aconteceu
ninguém sabe como estes dois vão viver juntos
sem nunca mais se encontrar
ninguém sabe se se amaram realmente
se foi só vontade de Amar
mas nos passos incertos que os separa e aproxima
nos dias que anoitece sem razão
quando virem uma sombra fugidia