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08/08/11

Vidas Perdidas - por Miguel Esteves Cardoso (o Grande)


sexta feira13 



Foi deus que se enganou e abriu uma porta
que afinal era uma janela, que afinal não era nada
Foi a deusa que brincou, com o seu sentido de humor
Que pegou naquela  letra e a transformou
Um doce rumor num amor, que depois se desligou

Tinha moedas de algodão e cafés de chocolate
Tinha lençóis de flanela, que afinal eram de linho
E caraçóis em cabelos, todos feitos de carinho
Tinha mãos que não se davam, tinha lagos de suor
A saber a lábrimas, a saber a tudo menos a amor
E no entanto

Havia memórias futuras que não serviam para nada
porque o passado de um, era o futuro do outro
E uma história p’ra trás com um vazio quase rente
Das   vidas que se cruzam mas que andam sempre em frente
e lábios doces e duros que nunca disseram tudo
Porque a palavra nunca podia ser dita
Nem podia ser escrita, nem pensada mas também não podia ser rasgada
Foi deus que se enganou, foi a deusa que brincou
Foi a saudade que fica num corpo que parecem dois
Foi verdade, foi mentira, foi o que não pode ser
Como a alegria que vem antes do acto e da dor
Da palavra esmigalhada que só podia ser Amor

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