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08/12/10

Estranho pecado de olhos raros

Estranho pecado de olhos raros
Constante presença, recente doença, destinos cruzados.
Deitei fora as minhas mãos para não poder tocar
E arranquei os ouvidos para não ouvir
Fechei esta alma para não confiar
Guardei a minha líbido para não me vir.


Tranquei o coração para não amar
Pus de lado os olhos para não olhar, para não chorar
Pus de lado a vida p’ra poder viver
Já calei a boca, já queimei a língua
Para não sorrir e nada dizer.


Nessa noite eu estava sentada
E estava quieta e estava calada
Perturbaste-me como o vento de outono
Que destrói num momento todo o povoado
Roubaste-me os cavalos para eu não poder fugir
E deste-me a tua boca para eu sorrir.


Sinto que me envolves como um estranho perfume
E que tentas atacar-me com o teu doce olhar
Mas eu não tenho olhos, quero calar a boca
E o meu coração já não deve amar.
Mas tocaste a minha mão sem lhe mexer
E quase beijaste a minha boca sem saber

Olhas-me como quem tem sede
E se esqueceu de parar na última fonte
Sem notar que o que me envolve é árido e quente
Com a solidão estampada na fronte

Mas agora não me sais do pensamento


Estranho pecado de olhos raros
Se eu te soubesse sincero ou se fosse dantes
Vendia-te esta alma e doava-te o meu corpo
Viviamos pecados em noites errantes
E poentes escaldantes p’ros lados do Porto

Mas é hoje, e hoje eu sei que não vale a pena!

Ouvi de ti as palavras mais certas
As indirectas mais directas que alguém já ouviu
E de olhos nos olhos contigo parece que a vida é só para viver
Respondo atrevida a ti meu amigo, e não sei que fazer
Sorrio de longe, derreto de perto
Não sei se foi de ontem e o hoje é incerto
Mas sei que é certo que quero prazer
E sei também que não posso querer

Se me encontras? Se me queres encontrar…
Cuidado, com calma
Se tu não parares, não posso parar

Que viagem incerta eu fiz nos teus olhos
Na noite em que estava a falar e tu a ver
Ai, já sei como isto vai acabar… não venhas amigo
Não faças sofrer…!






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